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domingo, 7 de março de 2010

Um novo tempo para as mulheres


Um novo tempo para as mulheres

Saudação da Comissão Política Nacional do PCdoB às mulheres no 8 de março.


Este 8 de março de 2010 realça alguns significados para a luta das mulheres. O centenário da aprovação dessa data pelas mulheres socialistas na Conferência de Copenhague em 1910 reforça a reflexão sobre os avanços da cidadania das mulheres e sobre os entraves que a atual sociedade capitalista ainda coloca na caminhada libertadora das mulheres, sobretudo no contexto atual de sua grande crise. Desemprego, dificuldade de acesso a cargos qualificados, diferença salarial, falta de equipamentos sociais como creche, previdência precária ou inexistente no caso do trabalho informal, são questões que afetam com maior força as mulheres. Além disso, se a nível mundial a mulher já ocupa espaços de poder, convive ainda com a subrepresentação, e com a sobrecarga doméstica e a violência, para não falar das investidas de criminalização das que ousam interromper a gravidez.

Se por um lado a atual crise jogou uma pá de cal na tese de que o capitalismo seria o fim da história, por outro reavivou a luta social e a busca de caminho para chegar a um novo sistema social, socialista. É no palco dessa luta entre o velho e novo mundo que se destaca a caminhada das mulheres rumo à liberdade. Como disse o filósofo francês Fourrier: “ A mudança de uma época histórica pode ser sempre determinada pela progressão das mulheres em direção à liberdade ... O grau de emancipação da mulher é a medida da emancipação em geral”.

É verdade que a emancipação inconclusa das mulheres hoje tem a ver com os dilemas emancipatórios da sociedade. Mas as lições das experiências socialistas e a evolução do pensamento revolucionário, além de reafirmar a contextualização histórica, social e econômica da luta das mulheres, como fez Clara Zétkin na Conferência de Copenhague em 1910, evoluiu para um melhor entendimento dos entraves ideológicos e subjetivos para a emancipação feminina, que precisam ser desde já enfrentados transversalmente em todos os espaços da sociedade. Não perdendo de vista, é claro, que a evolução do pensamento revolucionário sobre a emancipação da mulher, tem interface e deve interagir com a evolução do pensamento marxista para uma virada civilizacional rumo ao socialismo.


Para chegar às conquistas de hoje foi preciso muita luta. No início de corajosas mulheres individualmente, evoluindo para a luta organizada por bandeiras mais definidas, pela educação, pelo trabalho, pelo voto, pela democracia, pela igualdade na lei e na vida. Nessas jornadas muitas foram as heroínas que às vezes a história oficial oculta. Será que o feito de Olympe de Gouges, que por defender a cidadania das mulheres na Revolução Francesa foi para a guilhotina é suficientemente divulgado?


Será que a nossa história brasileira divulga que já no tempo das Capitanias houve duas administradoras de Capitanias em São Vicente e Pernambuco, Ana Pimentel e Brites de Albuquerque? De que Maria Dias Ferraz do Amaral ficou conhecida como a “heroína do Capivari” por ter lutado contra os carajós? E que Antônia Ribeiro também organizou e sustentou uma Bandeira com seus filhos? Isso para não falar dos exemplos de Maria Quitéria, Anita Garibaldi, Barbara Heliodora, Chiquinha Gonzaga, Angelina Gonçalves, Luiza Mahin, das quilombolas e porque não de Maria Bonita que neste 8 de março faria 100 anos? E das resistentes pela democracia, das guerrilheiras do Araguaia, simbolizadas por Elza Monerat. A lista é enorme. O importante é dar visibilidade a essas lutadoras que alicerçaram a caminhada democrática e emancipadora.


Neste centenário do 8 de março, homenagem às operárias tecelãs queimadas na fábrica Cotton de Nova Iorque que lutavam por redução da jornada e melhores condições de trabalho, fazemos um balanço positivo da caminhada das mulheres. Um alento para prosseguir no rumo da liberdade, do progresso social, de combate ao racismo, da igualdade entre homens e mulheres, de uma sociedade sem exploração . É justo homenagear em particular a resistência das trabalhadoras, sua demanda atual pela jornada de 40 horas sem redução do sálario e reafirmar a bandeira do socialismo defendida por Clara Zetkin.


Vivemos no Brasil ventos favoráveis ao avanço do desenvolvimento, com mais distribuição de renda, mais democracia, mais conquistas para nosso povo e de combate às desigualdades. A caminhada das mulheres rumo à liberdade prossegue, com muitas conquistas a serem alcançadas e obstáculos a serem vencidos. A candidatura à Presidência da República de uma mulher como Dilma Roussef, oriunda da resistência democrática, pode, se vitoriosa, apontar um novo tempo de avanço, de desenvolvimento , progresso social e democrático para o Brasil e as mulheres.


São Paulo, 5 de março de 2010

A Comissão Política Nacional do PCdoB