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sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Haroldo Lima: 2008, que viva o socialismo*

Haroldo Lima: 2008, que viva o socialismo*
Por Haroldo Lima*


Dois mil e oito chega renovando esperanças, revelando tendências, fortalecendo convicções. Com o ano novo, confirma-se a constatação das mudanças em curso entre o poder econômico dos países desenvolvidos, que decai, e a força dos emergentes, que ascende. E quando o grande destaque é a China, que se diga alto e bom som: é por causa do socialismo, é por causa dos comunistas.


A mudança no marco de desenvolvimento no mundo vai se consolidando. Já não são os países capitalistas mais desenvolvidos os que imprimem o ritmo e o sentido do desenvolvimento. Os países emergentes passaram a cumprir esse papel.

O desenvolvimento mundial deslocou-se

A economia mundial se expande há seis anos consecutivos precisamente graças ao crescimento dos países emergentes, em especial os do chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), com destaque para a China e a Índia.

Quando os dados de 2007 estiverem integrados, talvez cheguemos ao maior crescimento do planeta desde 1960, um pouco mais de 5%. Embora o grupo dos sete países mais ricos, o G7 ( EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá), ainda seja responsável por 40% das riquezas geradas no mundo, esta participação está declinando. Os mercados consumidores do B6 ( Brasil, Rússia, Índia, China, Coréia do Sul e México) crescerão até 2015 com uma rapidez três vezes maior que os do G6 (Alemanha, França, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos). (Accenture, Época, Negócios, N° 6).

Duas observações merecem ser feitas: a primeira é que o desenvolvimento deslocou-se para outras paragens, atingiu o setor mundial mais populoso, onde se encontram 85% da população da Terra, o que trouxe como conseqüência, segundo o Le Monde (11.08.2007), que 265 milhões de pessoas tenham conseguido sair da pobreza absoluta (menos de um dólar por dia) nos 14 anos que vão de 1990 a 2004. Até a África, historicamente esmagada e largada em penúria por escravistas e colonizadores, está crescendo em um nível superior ao do resto do mundo, 5,5%.

Qual a base do sucesso chinês?

A segunda observação diz respeito à China. É espantoso o que se passa no grande país asiático.

A China era um país com entranhas dilaceradas por potências estrangeiras que lhe impunham guerra e devastação. Desde a Guerra do Ópio, em 1840, quando a Inglaterra lhe impôs o que hoje se chama de narcotráfico, a China foi vítima de diversas guerras de agressão desfechadas pela Inglaterra, França, Japão, Estados Unidos, Rússia e outras potências menores. As guerras tiveram durações diferentes, mas cobraram da China alto preço em vidas humanas, territórios ocupados, dignidade ferida. Só a agressão japonesa de 1937 atingiu 31 milhões de chineses, entre mortos e definitivamente mutilados.

Pois é a China que agora cresce a uma média de 10% ao ano, há quase trinta anos consecutivos. É ela que, segundo o Accenture, vai dobrar sua renda per capita nos próximos dez anos, cinco vezes mais rápido que os Estados Unidos e o Reino Unido fizeram na revolução industrial. E finalmente é ela mesma que, nesta virada de ano, pelo método PPP (sigla inglesa para Paridade de Poder de Compra), passou a ser considerada pelo Banco Mundial como a segunda economia do mundo! Por que tanta vitória? Qual a base de tanto sucesso?

Estas perguntas e suas respostas são cuidadosamente omitidas pelos analistas que têm espaço na grande mídia do mundo inteiro, porque têm grande impacto ideológico. Até certos setores da esquerda, perplexos com os fatos, confusos ante as mudanças imprevistas e carentes de uma mente aberta a desenvolvimentos teóricos, ficam aturdidos, e preferem não tratar do assunto.

Naturalmente que uma explicação mais cabal dos mecanismos e medidas que na China estão dando certo demandaria análise minuciosa, conhecimento detalhado dos processos, domínio amplo dos dados etc., etc. Tudo isso é verdade. Mas o que é desenganadamente verdadeiro é que toda essa história de uma China Nova que está dando certo começou em 1949, quando o país aberto à pilhagem internacional deixou de o ser com a chegada dos comunistas ao poder e o início da construção socialista. Daí pra cá, ninguém mais no mundo, nenhum potentado, daqueles que eram “useiros e vezeiros” em invadir a China, teve o topete de tentar cruzar as fronteiras da soberania chinesa.

Caminhos íngremes, eivados de obstáculos

Os comunistas no poder lançaram na China as bases estruturais de um sistema socialista. Buscaram, desde então, construir a nova sociedade, percorrendo caminhos íngremes, eivados de obstáculos, avançando e recuado. Conheceram tempos de acertos e tempos de erros. Tentaram caminhos aparentemente mais rápidos, que se revelaram voluntaristas e enganosos. Combateram desvios à direita e incorreram em erros à esquerda. Tudo isso porque enfrentaram e seguem enfrentando um problema complicado, o de passar a uma sociedade avançada a partir de uma formação secularmente estratificada.

Nesse processo, os comunistas chineses tiveram pontos positivos importantes. Nunca perderam o rumo geral da política, mantida sempre no posto de comando, sintonizada com o interesse nacional e em íntima ligação com o povo trabalhador. Defenderam-se do dogmatismo alienante, cunhando e levando à prática o lema de “buscar a verdade nos fatos”. Não esmoreceram no esforço da produção, conseguindo crescimento o tempo todo, 4% em alguns anos, 9% em outros. As bandeiras da independência nacional, da soberania e do socialismo nunca foram arriadas.

Desenvolvendo teoria com espírito criador, os comunistas chineses perceberam, ao cabo de anos de experiência e reflexão, que a China vivia uma etapa primária de construção do socialismo, onde não havia porque “socializar” todos os meios de produção, grandes, médios e pequenos, o que criaria gigantesca máquina administrativa, geradora de burocracia e vulnerável à corrupção. Haveria sim de se permitir e suscitar o surgimento de variadas formas de propriedade, todas sob o primado da propriedade social, cuja expressão maior era a propriedade estatal.

E assim, cumprindo planos qüinqüenais, no início excessivamente minuciosos e depois remodelados, ajustados, a China, desde 1978, há 28 anos, é o país que mais se desenvolve no mundo. Agora, nesse final de 2007, a revista Forbes apresentou sua lista das 500 maiores empresas do mundo. Lá estão vinte empresas chinesas. Todas estatais.

* Membro do Comitê Central do PCdoB e de sua Comissão Política; intertítulos do Vermelho

Publicado no Portal Vermelho

http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=30374

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