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sexta-feira, 14 de setembro de 2007

As sete mentiras da mídia na cobertura do Caso Renan

Camaradas,


Achei muito interessante essa matéria publicada no vermelho, copiei no meu blog e repasso para vocês. A derrota no caso Renan foi da mídia e do PSDB/PFL-DEM



As sete mentiras da mídia na cobertura do Caso Renan
Por André Cintra




Até a votação que o absolveu, na quarta-feira (12), de processo por quebra de decoro parlamentar, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), passou 110 dias sob ataques da grande mídia, em especial a imprensa paulista. Iniciada pela revista Veja e engrossada a seguir com a adesão da oposição ao governo Lula, a campanha anti-Renan chegou ao ridículo na capa da Folha de S.Paulo no dia D, que praticamente deu como certa a cassação de seu mandato.
'Folha' em 12/9: previsão virou notícia

Mesmo com a absolvição, a artilharia continuou em ação no último dos 110 dias que não abalaram o mundo. As manchetes desta quinta-feira largaram mão da objetividade e mostraram de que lado estão os maiores jornais do país. ''Renan escapa da cassação com ameaças e a ajuda do Planalto'', estampa O Estado de S. Paulo. ''Vergonha nacional'', divulga o Correio Braziliense. ''Renan escapa - O Senado se curva'', resume Jornal do Commercio. ''Senado contra o povo'', protesta o Jornal do Brasil.

Para além das chamadas de capa, a mídia elaborou mais e mais invenções a fim de justificar sua nova aposta fracassada. Ao fim da primeira batalha, é possível detectar, no Caso Renan, pelo menos sete mentiras propagadas sem pudor.

1) A absolvição é um escândaloNão há absurdo nenhum na opção da maioria dos senadores, uma vez que, da denúncia à eventual degola de Renan Calheiros, faltaram comprovações. O Estado Democrático de Direito é regido por duas sentenças claras - ''in dubio pro reo'' (em dúvida, a favor do acusado) e ''absolvere debet judex potius in dubio quam condemnare'' (na dúvida, cabe ao juiz antes absolver do que condenar).

Em seu blog, Alon Feuerwerker assumiu: ''Para você não dizer que fiquei em cima do muro, se eu fosse senador eu votaria contra a cassação de Renan Calheiros, pelo simples fato de que a representação em tela aponta-o como suspeito de receber dinheiro da Mendes Júnior e não há, até o momento, prova de que ele tenha recebido dinheiro da empreiteira''.

Oposição e mídia divulgaram um argumento alternativo, como esclareceu Adalberto Monteiro no Vermelho. ''Dizem: 'para além das provas', ou de modo mais descarado, 'independente de provas', Renan não teria mais condições de exercer o mandato e tampouco presidir o Senado''.

''Chegam ao ponto de afirmar que, se Renan for absolvido, isso pouco importa, pois ele é 'um cadáver insepulto, sem autoridade moral nenhuma. Para onde vai a democracia brasileira, ainda na sua fase nascente, se este tipo de código, de rito, de concepção, de prática prevalece?'', questionou Adalberto. Escandalosa seria, sim, a punição a Renan.

2) Foi o PT que ''salvou'' RenanO PT tem 12 representantes no Senado, e um deles, Eduardo Suplicy (SP), declarou ter apoiado a cassação. Portanto, dos 46 senadores que votaram pela absolvição ou se abstiveram, no máximo 11 são petistas - apenas 24% dos votos que beneficiaram Renan.

A execração do PT tem outro sentido. Já que a mídia e a oposição vão bater na tecla da ''crise institucional'', é preciso jogar o ônus no colo petista. Mas a verdade é que a queda de Renan não era consenso no PSDB nem no DEM - partidos que apoiaram o presidente do Senado na votação desta quarta-feira.

Até o ''Painel'' da Folha de S.Paulo - maior mural de mexericos da imprensa - afirmou que, ''quanto ao DEM e ao PSDB, o placar final deixou claro que os dois partidos oposicionistas simplesmente não entregaram votos pró-cassação na quantidade prometida''. Segundo a coluna, o discurso de que o PT ''não deu um único voto'' contra Renan tem um único sentido: diminuir, aos olhos do público, ''o saldo de traidores em suas próprias bancadas''.

3) A sociedade está estarrecida Muitos jornalistas acreditam mesmo que a mídia é, por natureza, porta-voz da sociedade. Daí o espanto da colunista de O Globo que, diante da reeleição de Lula, soltou que ''o povo derrotou a opinião pública'' - um misto de imbecilidade e contra-senso.

Com a absolvição de Renan, acusam-se os senadores de não terem ouvido o ''clamor popular'', ''a opinião pública''. O que não seguiram foi a sentença da mídia. ''Este é o tipo de assunto que não empolga a sociedade, o povão'', escreveu Etevaldo Dias no Blog do ET. ''Não chega a motivar indignação coletiva dos cidadãos. Vai ficar na grita de parte da classe média e da mídia.''

A Folha também procurou diminuir os estragos na própria imagem. Em meio aos textos que publicou nesta quinta-feira (13), traz a matéria ''Na Praça da Sé, maioria reage com indiferença à 'novela' Renan Calheiros''.

Dois depoimentos revelam o ''entusiasmo'' do povo com o Caso Renan: ''Menina, aconteceu essa novela toda e não vi? Não tenho tempo nem de olhar para a cara da TV''; Qual é mesmo o nome dele? Com ou sem Renan, o país precisa é de emprego''.

4) A oposição é coerente quando prega sessão e voto abertosSenadores tucanos e democratas aproveitaram os microfones para criticar o regimento do Senado, tão ''permissivo'' a ''manobras'' como a sessão e o voto secretos. Uma nota de Helena Chagas, publicada no Blog nos Blogs, escancara a hipocrisia da oposição:

(...) no dia 13 de março de 2003, quando a Casa derrotou emenda constitucional do senador Tião Viana acabando com o voto secreto para cassações, muita gente boa que discursa hoje para abrir o voto ficou contra.

Arthur Virgílio, por exemplo, que hoje fez veemente defesa do voto aberto no início do julgamento, dizia na ocasião: ''O voto secreto é um instrumento que deixa o parlamentar a sós com sua consciência em uma hora que é sublime, em que o voto é livre de quaisquer pressões, que podem ser familiares, do poder econômico, de expressão militar ou de setores do Executivo. Voto pela manutenção do voto secreto''.

E assim também fizeram, na ocasião, seus colegas Cesar Borges (DEM), Tasso Jereissati (PSDB), Eduardo Azeredo (PSDB), Heráclito Fortes (DEM), Garibaldi Alves (PMDB), Gerson Camata (PMDB), Agripino Maia (DEM), Edison Lobão (DEM), Marco Maciel (DEM), José Sarney (PMDB), Mão Santa (PMDB) e Leomar Quintanilha (PMDB), entre outros.

5) Os 13 deputados na sessão honraram seu mandatoContemplados pelo Supremo Tribunal Federal, 13 deputados federais puderam testemunhar a ''sessão secreta'' que absolveu Renan. Não estavam lá ''em nome da democracia'', como pode parecer. A interferência serviu, por exemplo, aos interesses da imprensa.

''Nessa sessão não muito secreta'', escreveu Jorge Bastos Moreno em sua rádio na Globo Online, ''deputados entram, saem e abastecem os jornalistas com as últimas informações do plenário''. Helena Chagas afirmou que ''nunca se viu antes neste país uma sessão secreta tão midiática''. Segundo ela, parlamentares como Luciana Genro, Walter Pinheiro e Ivan Valente se revezavam para, de 15 em 15 minutos, ''dar boletins à imprensa''.

De acordo com Luis Nassif, a ação dos parlamentares revela um problema ainda mais grave: ''se não for uma invasão de direitos individuais, é o quê? Se não for um abuso, é o quê? Se não houver respeito aos procedimentos institucionais, vai-se chegar onde? À selvageria?''. Na opinião do jornalista, ''a campanha massacrante da mídia deu nisso: intimidou um Ministro assustado do STF que se sentiu com a faca no pescoço, e autorizou a invasão de uma sessão sigilosa por deputados loucos atrás de holofotes''.

O ''ministro assustado'' é Ricardo Lewandowski. No final de agosto, logo após o STF abrir ação penal contra os 40 acusados de envolvimento no mensalão, ele foi flagrado, ao telefone, admitindo que ''a imprensa acuou o Supremo'' e que ''todo mundo votou com a faca no pescoço''.

6) A Folha de S.Paulo prestou um grande serviçoAli Kamel falava em ''testar hipóteses'' para justificar a manipuladora cobertura do acidente da TAM em Congonhas. A Folha não pensa nem em fazer teste: já considera suas previsões como o fato mais relevante de uma edição. Segundo sua manchete de capa na quarta-feira, 41 senadores eram pró-cassação.

Como apenas 35 votaram contra Renan, o erro - destaca Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada - foi de 15%. ''Assim, quando a Folha disser que a temperatura máxima será de 20 graus, prepare-se para uma temperatura máxima de 17 graus. Quando a Folha disser que o São Paulo ganhou do Palmeiras por 3 a 2, admita a hipótese de, na verdade, ter ocorrido um empate de 2 a 2'', ironiza Amorim.

Nesta quinta-feira, o diário paulista minimiza sua responsabilidade e atribui toda a culpa aos parlamentares, conforme a matéria ''Senadores voltam a mentir ao declarar voto em enquete''. O Conversa Afiada retoma à ironia: ''a Folha descobre estupefata que os senadores mentem''.

''A Folha obviamente iludiu seus leitores, ao não colocar antecipadamente o óbvio'', acrescenta Nassif em seu site. ''É evidente que, se a maioria optou pelo voto secreto, é por se sentir intimidada em declarar em aberto o voto pró-Renan. Por isso mesmo, na votação, em sessão secreta, haveria mais votos para Renan. E isso tinha que ter sido deixado claro na reportagem.''

7) O Senado está mortoEis o tipo de sentença que vamos ouvir até o fim do governo Lula. Sempre que a oposição e a mídia sofrem uma derrota, é porque alguma coisa morreu. Pode ser uma legislatura inteira, a ética, o PT, o próprio Lula e seu governo. Num depoimento recente, após a ocupação da reitoria da USP por estudantes, o filósofo Francisco de Oliveira mostrou mais desilusão ainda e declarou o fim até da política.

O Senado sobreviveu a inúmeras crises - e até a troca de tiros. Sob a ditadura, foi fechado mais de uma vez. Credibilidade, de fato e infelizmente, não tem muito. Mas dizer que a Casa morreu é uma clara forçação retórica. ''Ricardo Guedes, presidente do Instituto Sensus, prevê perdas mínimas para a imagem do Senado'', aponta Etevaldo Dias.

''A sociedade tradicionalmente avalia mal o Congresso, independente das suas crises, e deverá continuar com a mesma opinião a respeito dos políticos'', agrega o titular do Blog do ET. A única coisa que não morre - mas nunca mesmo - é o discurso fatalista e fantasioso da mídia burguesa.

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso camarada! Viva Lula e seus aliados (seja quem for)! Fora a oposição golpista e corrupta e fora a imprensa! Viva a democracia!